Veja as causas e os tipos de transtornos alimentares
Estar atento aos sintomas é essencial para identificar e tratar essas doenças
Em 2 de junho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares, doenças tratáveis, mas que podem afetar de forma multidimensional a qualidade de vida de qualquer pessoa — independentemente de etnia, idade ou gênero — com danos físicos, psicológicos e sociais.
Há uma constante comparação entre o próprio corpo e os perfis “perfeitos” exibidos, principalmente, nas redes sociais, padrões muitas vezes distantes da realidade da maioria. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que mais de 70 milhões de pessoas no mundo tenham algum tipo de transtorno alimentar. No Brasil, seriam cerca de 15 milhões.
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“Os casos têm crescido especialmente entre adolescentes e jovens adultos e acomete, principalmente, as mulheres. Seu pico de início é o final da adolescência e começo da vida adulta e 20% dos jovens preenchem os critérios diagnósticos. Por isso, é essencial estar atento aos sinais e sintomas para identificar e tratar esses quadros o mais precoce possível”, ressalta o Dr. Fabiano Robert, nutrólogo e docente dos cursos de pós-graduação da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Causas dos transtornos alimentares
As causas dos transtornos alimentares combinam fatores psicológicos, socioambientais e predisposição genética. Há uma preocupação extrema com o peso e a imagem corporal, fruto de uma cobrança pessoal e social, reforçada pela mídia, que estabelece um padrão de beleza inalcançável, criando um ambiente fértil para o surgimento dessas doenças.
“Estar acima do peso ou sentir ansiedade pelo medo de engordar podem ser gatilhos para o surgimento de uma inquietação constante relacionada aos hábitos alimentares, que leva a comportamentos disfuncionais com novos padrões na escolha e quantidade dos alimentos, com restrições e exclusões. O resultado é um desequilíbrio nutricional com acometimento físico e psíquico”, alerta o médico.
Tipos de transtornos alimentares
Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar periódica, atualmente o de maior prevalência. Abaixo, veja detalhes de cada um deles:
1. Anorexia nervosa
Há uma restrição voluntária de alimentos e medo intenso de engordar, resultando em um peso corporal muito abaixo do ideal. Mesmo magras, as pessoas se veem como gordas, devido a uma percepção distorcida de si. É mais comum em mulheres e pode surgir na adolescência ou até na infância.
Há o controle rígido das porções de alimentos, uso excessivo de laxantes, suplementos e prática exagerada de exercícios físicos. Os sintomas incluem a irregularidade menstrual, fadiga, constipação, irritabilidade e intolerância ao frio.
2. Bulimia nervosa
Ocorrem episódios de compulsão alimentar seguidos por comportamentos compensatórios, como vômitos induzidos, uso de laxantes, jejuns prolongados ou exercícios intensos. É comum a perda de controle durante as crises, seguida por forte sentimento de culpa.
Os sintomas mais comuns são dor de garganta, voz rouca, fadiga, pele seca, constipação e inchaços decorrentes dos métodos compensatórios. Atinge principalmente mulheres, com início por volta dos 12 anos.
3. Compulsão alimentar periódica
Não há os comportamentos compensatórios da bulimia, mas episódios frequentes de ingestão exagerada de alimentos, sem controle, seguidos por sentimento de culpa e vergonha. As pessoas costumam comer escondido e de forma rápida, até sentirem desconforto físico. Pode ocorrer em pessoas obesas ou não, e os episódios geralmente acontecem pelo menos uma vez por semana.
Riscos dos transtornos alimentares
Os transtornos alimentares têm o maior índice de mortalidade entre os transtornos psiquiátricos. Um dos principais riscos é a ideação suicida, especialmente nos casos mais graves. Na anorexia nervosa, por exemplo, a perda extrema de peso pode causar complicações severas à saúde e levar à morte por auto-inanição.
Tratamentos contra os transtornos alimentares
Os transtornos alimentares são condições graves e subdiagnosticadas, pois muitas pessoas preferem não itir a condição, o que pode agravar ainda mais o quadro e atrasar o início do tratamento. O ideal é uma equipe multidisciplinar e abordagem integrada com psiquiatra, nutrólogo, psicólogo, nutricionista e educador, para uma terapia cognitivo-comportamental, aliada à educação nutricional e à psicoterapia. A prescrição de medicamentos deve ser avaliada caso a caso. O apoio da família, dos amigos e acompanhamento médico contínuo é essencial, já que recaídas podem ocorrer.
Por Edna Vairoletti