Homem é preso e fuzis são apreendidos em operação contra líderes cearenses do CV na Rocinha
Agentes de segurança concentraram ações em uma área conhecida como ‘Dionéia’, na parte alta da Rocinha; investigações apontam que criminosos cearenses estariam atuando a partir de uma espécie de "República do Ceará", usada como base para coordenar ações criminosas à distância
Um homem foi preso durante uma operação integrada entre policiais do Rio de Janeiro e do Ceará na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, nesse sábado, 31. A ação mira prender líderes cearenses da facção criminosa Comando Vermelho (CV) que estão escondidos na região carioca. Também foram apreendidos quatro fuzis, um revólver, duas pistolas, celulares, rádios transmissores e drogas.
Conforme informações do RJTV 1ª edição, a partir de informações dos agentes que participaram da operação policial, o suspeito preso é natural de Brasília, mas viveu no Ceará e estava escondido na Rocinha. Ele tinha mandado de prisão em aberto, cumprido pelos agentes. A identidade do suspeito não foi divulgada.
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Nas primeiras movimentações da operação, cerca de 400 criminosos fugiram para a mata da Rocinha. A informação é do portal O Globo. Um policial militar foi baleado no pescoço e chegou a ar por uma cirurgia. O quadro dele é estável. Ao longo deste domingo, 1º, os agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) seguiram monitorando a região carioca.
Segundo as investigações, os criminosos cearenses se instalaram na região carioca há pelo menos dois anos para se esconder das forças de segurança cearense. Eles comandavam, à distância, o tráfico, homicídios e demais ações criminosas no Ceará. Pelo menos mil mortes foram ordenadas do Rio pelos faccionados cearenses no período.
Conforme O POVO revelou anteriormente, os traficantes recebem apoio de outras lideranças do CV no Rio de Janeiro, reforçando uma aliança criminosa. Além disso, em troca de refúgio e segurança, os traficantes pagavam aluguel em esconderijos que variam nos valores de R$ 100 a R$ 150 mil ou mais caros. Os que não podem bancar as quantias viram “soldados do tráfico”.
A operação na Rocinha acontece, principalmente, na região identificada como ‘Dionéia’, na parte superior da comunidade. As investigações apontam que os traficantes cearenses estavam inseridos numa espécie de ‘República do Ceará’, um prédio onde os criminosos atuavam e comandavam as ações criminosas no Estado.
Estima-se que entre 80 e 100 cearenses integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) estariam escondidos em comunidades do Rio de Janeiro. A informação foi revelada pelo procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, em entrevista ao RJTV 1ª edição, neste sábado, 31.
Refúgio do ‘Doze’: operação encontra mansão com piscina aquecida, academia e área gourmet
Durante a operação, os policiais militares encontraram uma mansão de luxo com duas piscinas aquecidas, área gourmet e academia. O imóvel seria de um dos ‘cabeças’ do CV no Ceará, identificado como Anastácio Pereira Paiva, 35 anos, conhecido como “Doze” ou “Paizão”, que comanda a facção no município de Santa Quitéria.
A liderança possui cinco mandados de prisão em aberto, por envolvimento em crimes de homicídio, organização criminosa e tráfico de drogas. Ao lado do imóvel, os investigadores localizaram um alojamento destinado a membros cearenses da facção.
Ao chegarem à mansão, os agentes constataram que uma festa havia ocorrido durante a madrugada, pois encontraram bebidas, carne e gelo espalhados pelo local. As informações são do portal O Globo.
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Segundo Victor Cesar Carvalho dos Santos, secretário de Segurança do Rio de Janeiro, ao RJTV2, da TV Globo, todos os alvos da operação são do Ceará e ligados ao CV. “Obviamente era a facção do Rio que dava e para eles. O Rio já é, há algum tempo, o 'home office' da criminalidade”, disse.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) informou, em nota, que a operação realizada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) foi desencadeada a partir de uma investigação da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), relacionada a suspeitos cearenses.
Em nota ao O POVO, o Ministério Público do Ceará (MPCE) disse que foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão, arresto e sequestro de bens contra integrantes de uma organização criminosa no Rio e que atua no Ceará.
O POVO procurou a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro (SSPRJ), neste domingo, 1º, para saber quantas pessoas foram presas até o momento na operação na Rocinha, assim como o balanço total de materiais apreendidos. O órgão não respondeu até o fechamento desta matéria.