Missão espacial brasileira pretende escanear biomas na Amazônia e no Cerrado com IA
A plataforma espacial pretende mapear as áreas críticas combinando tecnologia com análises e processamento de dados
Focado em mapear áreas críticas do Cerrado e da Amazônia, detectando em tempo real variações climáticas e degradação do solo, o projeto Perception é uma plataforma espacial que combina tecnologia e Inteligência Artificial (IA) para análise e processamento de dados.
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A iniciativa promete entregar insumos valiosos para o desenvolvimento de políticas públicas de preservação e desenvolvimento socioeconômico-ambiental do ecossistema.
Ele integra hardware e software para aliar a captação, geração e processamento de informações coletadas via sensores terrestres e tecnologias de comunicação por satélite. A tecnologia pode, também, influenciar na gestão agrícola, no ganho de eficiência energética e hídrica da região e na detecção precoce de ameaças naturais.
O projeto é liderado por Renato Borges, pesquisador e membro sênior do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), mobilizando, também, uma entidade de fomento à pesquisa do Distrito Federal, uma empresa europeia e universidades do Brasil, Espanha e Reino Unido. Entre as instituições participantes estão cientistas da Universidade de Brasília (UnB).
Modelos de IA foram desenvolvidos pela equipe para assegurar o monitoramento contínuo dos ativos ambientais brasileiros. “No longo prazo, a missão poderá ser expandida para fazer a varredura de outros biomas, zonas costeiras, áreas de risco e fronteiras agrícolas tidas como relevantes pelas autoridades”, afirma Renato Borges, também professor da UnB.
Para ele, outro legado consiste em fortalecer o monitoramento ambiental via satélite, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) indicados globalmente para combater os efeitos do aquecimento global.
“Ao entregar informações em tempo real, o Perception contribui com mais assertividade em seus objetivos, além das diversas oportunidades para pesquisadores, estudantes e interessados em temas como engenharia aeroespacial, geociências, modelagem climática e muito mais”, explica.
O projeto aproveita experiências anteriores proporcionadas pela missão AlfaCrux, nanossatélite que orbitou o planeta entre 2022 e 2024, e coletou informações ambientais e capacitou 30 pesquisadores em tecnologia espacial.
Como funciona a tecnologia?
O Perception integra o FlatSat Perceive, uma plataforma de teste e validação para redes de comunicação, além de um sistema completo de satélite. Essa estrutura visa dar e a futuros satélites e servir como canal de demonstração tecnológica, coletando informações de áreas monitoradas.

Atualmente, o sistema está em fase de revisão e ajuste de sua arquitetura, com o lançamento do satélite Perceive previsto para o final do próximo ano e o piloto da plataforma Perception para o segundo semestre de 2025.
As aplicações do sistema serão divididas em duas frentes principais. Uma delas se concentrará na Floresta Amazônica, com torres de captação de dados, e outra frente será no Cerrado, focada na detecção de informações sobre recursos hídricos e o fluxo de carbono na região.
A coleta de dados será realizada por duas redes principais: uma para envio de grandes volumes de informações e outra para comunicação crítica em banda estreita, viabilizada pelo satélite Perceive, que coletará dados de infraestruturas instaladas no solo dos biomas, enviando-os para uma central de processamento e armazenamento.
Após validação, os dados serão disponibilizados aos usuários finais. O sistema Perception também fará uso de soluções de parceiros e comerciais, considerando a realidade do mercado e a capacidade do Brasil em manter o segmento espacial.
“O foco principal do Brasil é o monitoramento de seus biomas, mas a tecnologia desenvolvida não se restringe a essa aplicação. Ela pode ser utilizada para monitoramento de costas, como a do Atlântico, em projetos da Espanha e Portugal, e outras necessidades ambientais”, destaca o pesquisador.
As informações dos mapeamentos e dados serão íveis à comunidade científica, tanto brasileira quanto internacional.
“À medida que a compreensão e as investigações científicas avançam, o sistema também evolui em instrumentação e técnicas de processamento de dados para alcançar conclusões mais confiáveis”, finaliza Renato Borges.
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