Feministas e médicos se unem aos aposentados argentinos em protesto contra Milei
Cientistas, feministas, médicos e pessoas com deficiência se unem, nesta quarta-feira (4), ao protesto semanal dos aposentados em Buenos Aires, levando alusões ao "Eternauta", a série de ficção científica argentina na qual "ninguém se salva sozinho".
Os manifestantes se opõem ao ajuste do ultraliberal Javier Milei e irão ao protesto em apoio aos aposentados, os mais desfavorecidos pelos recortes orçamentários graças aos quais o presidente conseguiu conter a inflação e ajustar as contas.
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Grupos de aposentados, acompanhados por grupos de esquerda, se manifestam todas as quartas-feiras em frente ao Parlamento para protestar contra os baixos níveis de suas aposentadorias.
As manifestações, cuja repressão tem aumentado, já receberam o apoio de torcedores de futebol e da Igreja.
Desta vez, os organizadores se propam a vestir como "eternautas", personagens de um clássico quadrinho argentino recentemente adaptado para a tela pela Netflix sobre um futuro distópico onde os portenhos enfrentam unidos um sistema opressor.
Ao mesmo tempo que o protesto, previsto para a tarde dessa quarta-feira, os deputados debaterão iniciativas da oposição, como um aumento de 7,2% nas aposentadorias e uma declaração de emergência na área de deficiência, projetos que o governo rejeita devido ao seu custo fiscal.
Médicos residentes do hospital infantil Garrahan, de referência nacional e internacional, irão se juntar ao protesto para exigir melhores rendimentos.
Atualmente ganham o equivalente a 660 dólares (3.741,40 reais) mensais. Apesar do governo ter anunciado no domingo (1º) um amento com o qual esperava pôr fim ao dias de greve, os profissionais sustentam que se trata apenas de um bônus e mantiveram o chamado para se manifestar.
"Os médicos devem ganhar mais, mas por trás disso, sempre há alguém esperto que quer manter um privilégio", disse o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, na semana ada, ao acusar o hospital de ter mais funcionários istrativos do que médicos.
No protesto também participarão cientistas e pesquisadores em rejeição aos cortes no setor e à fuga de cérebros.
Também se unirão universitários, familiares de pessoas com deficiência e grupos feministas, que comemoram 10 anos do movimento contra a violência sexual "Nenhuma a menos".
"O governo tem uma escola política instalada (...). Às quartas-feiras, eles nos enviam uma mensagem: que podemos bater nos nossos idosos e idosas, e que não acontece nada", disse Lucía Cavallero na segunda-feira (2), uma representante desse movimento que teve alcance global.
Os protestos semanais de aposentados se tornaram o principal foco de resistência às políticas de Milei.
Os aposentados com a renda mínima recebem o equivalente a 300 dólares (1.700,64 reais) mensais, justo no limite da pobreza.
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