Não apenas o PT, o PSDB também precisa fazer autocrítica

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As cobranças ao PT por autocrítica fazem com que o PSDB e muitas vezes como vitima do processo de radicalização da direita brasileira

Á beira da irrelevância, o PSDB continua com futuro indefinido, pautando-se pela oposição ao PT e insistindo que o partido de Lula pertence à “extrema-esquerda”, parece não ter entendido que essa estratégia de igualar o antigo adversário ao bolsonarismo, faz mal a legenda e a democracia brasileira.

No último dia 12 de fevereiro, o presidente do PSDB, Marconi Perillo, afastou a possibilidade de incorporação do partido a outra legenda, apesar de negociações anteriores com PSD e MDB, que diferentemente da sigla tucana, são fisiológicos, se alinhando a qualquer partido que despache do Planalto. Perillo saiu de forma inesperada da ala que defendia a incorporação da sigla a outra legenda.

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O presidente da sigla afirmou que a cúpula tucana foi procurada por várias legendas, e deu a entender que o partido ainda tem esperanças em ser alternativa a PT e PL.

"Nós fomos procurados por todos, à exceção do PT e do PL. Exatamente os dois extremos. Até porque nós não vamos compor com um projeto de extrema-direita e nem de extrema-esquerda. Queremos um projeto ao centro", disse o presidente.

Na mídia brasileira as cobranças por uma autocrítica do PT sempre foram frequentes, sendo atribuída ao partido a ascensão do bolsonarismo e a radicalização da política nacional. Entretanto, é preciso não esquecer que o crescimento da extrema-direita é um fenômeno global, e que até mesmo os fatores especificamente brasileiros não tem como culpado exclusivo o petismo.

Marcado pela divergência e muitos líderes, o partido tucano ficou conhecido pela indefinição, no dito popular, “em cima do muro”. A indefinição se acentuou durante o governo Bolsonaro, quando o partido se dizia independente, e não se posicionou como situação ou oposição.

Monalisa Torres, professora de Ciência Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), destacou ao O POVO que, no governo de Jair Bolsonaro, o PSDB se moveu um pouco mais à direita apoiando ações da istração e não vocalizando contra Bolsonaro da mesma forma que fazia contra Dilma Rousseff (PT).

“O PSDB apoiou o governo Bolsonaro em algumas medidas, votava com o governo em algumas medidas, talvez imaginando que pudesse retomar esse espaço, mas é difícil quando a guarda do campo da direita muda. O que a gente viu foi exatamente isso”, apontou a pesquisadora.

Um partido que ajudou a cavar a própria ruína 275o4e

Acostumado a culpar o PT e a polarização (como se não tivesse polarizado a política nacional por duas décadas), o PSDB continua a negar que ele mesmo ajudou a abrir espaço para sua “via dolorosa” que por fim parece o levar ao “calvário”.

O PSDB de hoje parece ser o mesmo de 2014. Continua sem reconhecer seus erros, centrando suas críticas principalmente ao PT. O partido ainda não entendeu que, se suas críticas ainda tiverem alguma relevância, elas vão simplesmente ajudar a rejeição à sigla petista, contribuindo justamente com o bolsonarismo.

Talvez seja difícil para os tucanos reconhecerem, mas o Brasil não precisava primeiramente do partido para ser oposição ao PT, o país precisava do partido para estabilidade democrática.

Diante desse cenário não custa nada lembrar: qual partido não aceitou de forma unânime a derrota eleitoral de 2014? Qual partido apoiou e participou de protestos pelo impeachment de Dilma, que radicalizaram a população?

As respostas são simples, e contra fatos não há argumentos, apenas um PSDB que foi quase obliterado pela onda de radicalismo que ajudou a criar.

Monalisa Torres destaca que o próprio partido se prejudicou com a "ânsia" de voltar ao Palácio do Planalto. "Nessa ânsia de virar o pêndulo, naquele momento em 2014 o PSDB começa a tensionar mais. A recusa de aceitar a vitória de Dilma, a insistência de politizar e de judicializar a eleição tentando uma espécie de terceiro turno, questionando a legitimidade da vitória de Dilma, procurando opções para derrubá la, as declarações de Aécio dizendo que não queria impeachment, queria fazer o governo sangrar, desgastar o PT”, pontuou ela.

Portanto, 2014 marca o início da derrocada do PSDB, com a falta de grandeza em aceitar a derrota e se preparar para eleição seguinte. Ao invés disso, o partido abraçou as “ruas” e o sentimento de radicalismo. Não custa nada lembrar os protestos contra Dilma, pois foi ali que começou o sequestro das cores e símbolos nacionais, não com Bolsonaro, ele apenas deu continuidade à “moda”.

Monalisa Torres também também observa esse ponto, e destaca que os escândalos de corrupção de figuras do partido, como Aécio Neves, fragilizaram ainda mais a imagem do PSDB. “Naquele cenário, o que a gente viu foi que o PSDB, que criticava o sistema na figura do PT, os escândalos de corrupção, se ver envolto de escândalos tão semelhantes quanto o PT. Então, ele perde credibilidade. É nesse bolo de insuflar a população, questionar a legitimidade das urnas, de abrir a trincheira nesse processo de tencionar a instituições, de judicializar o processo eleitoral que o PSDB vai abrindo a trincheira para um campo mais radical, que foi o bolsonarismo”.

Ocupando a presidência entre 1994 e 2002, Fernando Henrique Cardoso deixou o posto com feitos na economia, e deixando o PSDB cheio de novas lideranças promissoras. Os grupos de José Serra, Geraldo Alckmin e de Aécio Neves, eram acusados de fazer pouco um pelo outro quando se revezavam em representar o partido na disputa pela presidência da República.

É possível a volta por cima? 54625j

Essa é a principal pergunta que reina no dilema entre escolher ou não a incorporação do partido a outra sigla. O partido tem o direito de tentar, mas precisa ser realista com os desafios que vai enfrentar.

Em 2026, o PSDB pretende lançar candidato a presidente, além de candidatos a governador nas disputas estaduais de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Santa Catarina. Custear essas campanhas será caro, e o que define a parcela de recursos que cada partido recebe do fundo eleitoral e o número de votos que conseguiu para o cargo de deputado federal na eleição anterior.

Nas últimas eleições municipais, o PSDB conseguiu 3,1 milhões de votos, enquanto os protagonistas PT e PL conseguiram 11,9 milhões e 17,5 milhões, respectivamente. Monalisa Torres considera que para ter relevância novamente, o partido vai precisar compor outras legendas.

"Ele precisa compor com outras forças. No campo da esquerda, a gente está vendo estratégia semelhante, com partidos menores de esquerda conversando e dialogando para ver uma composição ou uma federação para garantir uma sobrevivência sem estar à sombra de uma legenda maior que possa engoli-los. Por isso algumas legendas de esquerda são resistentes a fazer uma federação com o PT”, destaca.

A inelegibilidade de Bolsonaro, e a ausência de um candidato tão relevante pela extrema-direita pode ajudar o partido a convencer outras legendas a embarcar em um projeto alternativo à atual polarização.
É possível até teorizar que a possível "fadiga" da polarização entre petistas e bolsonaristas pode abrir espaço para uma “terceira via” no futuro. Se o PSDB conseguir se posicionar como essa alternativa, pode talvez voltar a crescer.

Assista: 3n514v

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