Santa Quitéria tem prefeito preso e filho no cargo com eleição na Câmara sob questionamento

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Joel Barroso é presidente da Câmara Municipal e assumiu a Prefeitura interinamente, com a prisão do pai. Todavia, a eleição para presidente do Legislativo é questionada

Maior município cearense em área territorial, com 4262,293 km², Santa Quitéria é palco de instabilidade política proporcional ao tamanho. A população viu o prefeito reeleito, José Braga (PSB), o Braguinha, ser preso no dia da posse e impossibilitado de assumir, na esteira de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público (MPCE) que envolvem suspeitas de envolvimento com facção criminosa para ganho eleitoral.

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Além disso, o Legislativo local teve uma das eleições mais acirradas para a mesa diretora, na qual o vereador Joel Barroso (PSB), filho do prefeito Braguinha, foi eleito para um terceiro mandato consecutivo como presidente da Câmara, sendo questionado por outros parlamentares, que alegam ilegalidade na eleição.

Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2021 proibiu três mandatos consecutivos na presidência de câmaras municipais. A Justiça, inclusive, tem revertido eleições recentes em legislativos de alguns municípios, dentre eles alguns no Ceará como em Pindoretama. Legislativos de municípios como Altaneira e Canindé também enfrentam situação similar na Justiça.

Entretanto, alguns gestores argumentam que a decisão do Supremo é posterior à eleição que os conduziu a presidência. Segundo eles, nesta lógica, só contaria a eleição seguinte e uma única recondução. É baseado nesse entendimento que presidentes das casas legislativas municipais pelo Brasil tentam judicialmente garantir a legalidade de um terceiro mandato.

Embora tenha sido eleito presidente da Câmara, Joel assumiu a posição de prefeito interino após a prisão do pai.

O POVO chegou a Santa Quitéria numa manhã de quinta-feira chuvosa e conversou com moradores, que preferiram não se identificar, por timidez ou desejo de manter o anonimato, dando apenas seus relatos e opiniões sobre o dia a dia e o caso.

“Fui ao hospital e a outros locais e fui bem atendida”, disse uma mulher. Outra citou Braguinha: “Era um bom prefeito. Fez muito pela cidade”. Uma comerciante lamentou a instabilidade e as repercussões do ponto de vista econômico. “O comércio parou um pouco. Ninguém sabe se fica, se vai, aí o povo para de comprar”, conta.

Outras pessoas falaram do desejo de que a situação se reverta e que o prefeito retorne: “Eu peço a Deus que seja ele que volte”, disse uma moradora. “Ele vai ser solto”, projetou outro.

Também há aqueles que reclamam: “Isso prejudica a cidade toda. A maior bandeira não cobre a decepção”, disse uma pessoa ao ser perguntada sobre o motivo da prisão.

O POVO também foi à Câmara Municipal. De cara, na entrada do prédio, uma escadaria imponente e íngreme surpreendeu repórter e fotógrafo, que escalaram a estrutura para chegar ao coração do Legislativo quiteriense.

No local, uma funcionária telefonou para o prefeito interino Joel, que informou que não estava na cidade e marcou de falar com a equipe do jornal no dia seguinte (o que não ocorreria). As atenções, então, se dirigiram aos vereadores e a reportagem conversou com quatro parlamentares naquele dia.

Membros da base e da oposição à gestão interina estavam em reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Os vereadores Lino Paiva (PSB), Douglas Lira (PP), Cesário Júnior (PP) e Pé de Mola (PT) atenderam a equipe do jornal e conversaram sobre o ado recente, o presente e futuro político de Santa Quitéria.

Lino e Cesário já foram base do prefeito Braguinha. Atualmente, ambos se declaram parte de um bloco independente, que conta com um terceiro vereador. Já Douglas e Pé de Mola são da base do prefeito interino. Os vereadores falaram em conjunto, num ambiente mais amistoso que acirrado, respeitando divergências e guardando a discordância apenas no campo político.

A Câmara de Santa Quitéria 5y5m70

Duas das palavras mais utilizadas pelos vereadores da base e da oposição foram: instabilidade e incerteza. Sentimentos que, segundo eles, se repetem nas ruas de Santa Quitéria e na população que os procura para perguntar sobre o futuro local. Os vereadores também cobraram mais celeridade da Justiça para que tome as decisões, a fim de garantir o andamento normal da vida política do Município.


“Temos acompanhado o Município diante da incerteza com a situação que aconteceu com o prefeito eleito Braga. Os vereadores têm buscado ouvir a população. Gestões interinas deixam algumas situações em que o município não tem como ter andamento real de projetos, como o alinhamento com as instâncias do Estado. A gente ainda sente essa ausência das ações concretas. O prefeito interino tem tentado dialogar, mas sentimos que ainda não é o essencial que o Município precisa”, disse Pé de Mola, abrindo as falas.

Já Douglas, destacou a campanha feita ao lado do prefeito Braguinha e a crença na continuidade com Joel. “Continuamos a acreditar nesse projeto, estamos no grupo do prefeito interino Joel. No Município aconteceram grandes avanços (...) Na saúde e educação. E tenho percebido no Joel uma decisão de fazer o trabalho”.

O parlamentar reconhece que a situação é dura, mas argumenta que os serviços continuaram sendo prestados. “Ninguém queria que estivéssemos nesse momento de instabilidade. Mas a gente que está na política, sabe que é uma luta diária (...) Ao meu ver o Município continuou as atividades normais, não vimos paralisação de serviços. Teve um problema da limpeza pública, dos garis, um dia, mas foi resolvido”.

Pela oposição falou primeiro Lino Paiva, que embora seja do mesmo partido de Braguinha e Joel, não caminha mais com a gestão. Lino foi chamado de “liderança” pelos colegas antes de se manifestar, sendo o mais experiente entre os presentes com quatro mandatos. Ele falou sobre a cobrança popular por uma resolução e cobrou celeridade do Poder Judiciário.

“Vivemos uma instabilidade política. De cada dez pessoas que nos abordam, nove perguntam: ‘E aí? Vai ter uma nova eleição na cidade">Após o desencontro, Joel informou que estaria novamente em Fortaleza na semana seguinte e que procuraria a equipe para remarcar a entrevista. O prefeito interino não entrou em contato com a reportagem até o fechamento do material. (Colaborou Rogeslane Nunes)

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