Com "base na Europa", Zambelli perde advogado e terá pedido de prisão feito pela PGR
Deputado comunicou que não retornará ao Brasil no momento, não especificando quanto tempo ficará fora do país
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão e perda de mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes ligados à invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), afirmou que irá se estabelecer na Europa por algum tempo e que pedirá licença não remunerada do mandato. A Procuradoria Geral da República (PGR) afirmou que pedirá a prisão preventiva da parlamentar, que teve o advogado deixando o caso após a viagem.
Base na Europa
Nesta terça-feira, 3, ela afirmou estar fora do país há alguns dias e que pretende "se basear na Europa" por ter cidadania italiana.
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Zambelli afirmou que, inicialmente, o motivo da viagem foi para "dar continuidade a um tratamento de saúde". Ela negou estar abandonando o país, declarando que é um ato de "resistir" e "continuar falando o que eu quero falar".
A parlamentar comparou a situação com à de Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos EUA, e que deseja "ajudar o Chega O Chega é um partido político português de ideologia populista, de direita, nacionalista, patriótica, conservadora, sendo o seu espectro político definido por alguns politólogos como sendo de direita a direita. , em Portugal" e "o André Ventura", pois acredita que o conservadorismo precisa avançar.
Situação complicada
Recentemente, Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão em regime fechado e à perda do mandato pelos crimes de falsidade ideológica e invasão ao sistema do CNJ. A acusação aponta que ela agiu em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto no ataque virtual que inseriu decisões judiciais forjadas no sistema do CNJ, incluindo um mandado de prisão falso contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Delgatti Neto foi condenado na mesma ação.
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PGR pedirá prisão
Apesar da condenação, Zambelli estava com o aporte em mãos e não havia mandado de prisão aberto quando saiu do país. A avaliação de momento, no Supremo, é de que ela não teria impedimento para viajar, mas o ministro Alexandre de Moraes ainda pode reavaliar o caso e determinar outras medidas, como uma possível prisão por fuga.
Após Carla ter deixado o Brasil, a PGR informou que pedirá a prisão preventiva da deputada. Caberá ao STF decidir sobre a prisão.
Licença não remunerada
Zambelli afirmou que pedirá licença do mandato na Câmara, explicando que, com isso, não receberá mais salário e seu gabinete será ocupado pelo suplente. Mesmo com o trânsito em julgado da condenação - quando não cabem mais recursos - a prisão de parlamentares em exercício dependeria de autorização da Câmara dos Deputados, conforme especialistas. No entanto, ela afirmou que pedirá licença.
Advogado deixa caso
O advogado Daniel Bialski deixou a defesa de Zambelli momentos após ela anunciar que deixou o país. Ele afirmou ter sido "apenas comunicado" da viagem para tratamento de saúde, e que deixou a defesa por "motivo de foro íntimo".
Outra ação penal
Zambelli responde a outra ação penal no STF por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, e que já foi cassada pelo TRE-SP por desinformação eleitoral, embora esta última decisão esteja suspensa enquanto tramita recurso no TSE.
Ela também anunciou que transferiu seus perfis nas redes sociais para a mãe, Rita, e pretende lançá-la na política, citando um "cenário de perseguição" no Brasil. A deputada disse ainda ter conversado com Allan dos Santos (considerado foragido) antes de tomar a decisão de viajar para a Europa e avaliou os riscos após a condenação.