Wagner e RC: agora no mesmo partido, políticos têm histórico conflituoso; relembre

Wagner e RC: agora no mesmo partido, políticos têm histórico conflituoso; relembre

Capitão Wagner e Roberto Cláudio acumulam histórico de desavenças e alianças com Camilo Santana e Elmano de Freitas

Recém saído do PDT, Roberto Cláudio anunciou formalmente nessa terça-feira, 3, sua filiação ao União Brasil, partido liderado por Capitão Wagner (União Brasil) no Ceará. Agora aliados, os políticos acumulam uma bagagem marcada por desavenças e acusações.

Os primeiros os visíveis da aproximação de ambos ocorreram nas últimas eleições municipais em Fortaleza, em 2024, em meio à polarização entre o cabeça de chapa do Partido dos Trabalhadores (PT), o agora prefeito Evandro Leitão, e do Partido Liberal (PL), o deputado André Fernandes.

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À época, a nova aliança que então se formava gerou reações no meio político cearense. Roberto Cláudio apoiou o candidato do PL na disputa do segundo turno, utilizando a justificativa de voto útil.

De lá para cá, a relação entre o ex-prefeito de Fortaleza e políticos ligados à Direita no Ceará foram se fortalecendo. Acenos ao União Brasil também foram se intensificando à medida em que RC transparecia o desejo de disputar o majoritário estadual.

Em sentido contrário, enquanto o PDT se mantém próximo ao governo de Elmano de Freitas (PT), os ideais de Roberto se distanciaram. Sua saída do partido foi despistada em alguns momentos.

O deputado federal cearense André Figueiredo (PDT), presidente estadual da sigla, chegou a afirmar que o ex-prefeito não tinha conversado formalmente sobre deixar o grupo, embora falasse abertamente sobre disputar o Abolição.

A saída de RC foi divulgada por meio das redes sociais na quinta-feira, 29. Curiosamente, ele anunciou que estava deixando o PDT no dia em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou em Fortaleza para participar do congresso do PL na sexta-feira, 30.

No mesmo dia em que deixou o partido brizolista, RC participou de um encontro com o ex-presidente. O momento serviu para o agora ex-pedetista conhecer Bolsonaro.

Uma relação marcada por conflitos

Embates mais intensos entre Roberto Cláudio e Capitão Wagner datam de mais de uma década. Disputas diretas ocorreram nas eleições de 2016 e 2020, quando se enfrentaram pelo Executivo da capital cearense, além de 2022, nesse caso pelo Governo do Ceará. 

Dançando conforme a música, Capitão Wagner e Roberto Cláudio acumulam histórico de desavenças e alianças com atual ministro da Eduação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT), e com o atual chefe do Abolição, o governador Elmano de Freitas (PT).

No ano de 2015, às vésperas do ano eleitoral, Wagner se colocava como pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza. Na corrida eleitoral que se iniciava, ele endureceu críticas contra Roberto Cláudio, especialmente sobre a gestão do lixo, o endividamento da Prefeitura e a saúde na Capital.

“A dívida ou de 0,2% para 15% da receita corrente líquida da gestão. Isso é temerário, assustador. O sucessor do prefeito vai receber uma cidade quebrada, uma máquina inchada demais, com serviços ruins”, disse à época, conforme noticiou O POVO em edição do dia 11 de julho de 2015.

Mais próximo das eleições, no fim de 2015, Wagner chegou a firmar aliança com Heitor Férrer, então no PSB e que também disputava a Prefeitura, para uma união contra Roberto em um segundo turno que viria a ocorrer.

Saúde e educação, além do planejamento da cidade e a segurança pública foram os pontos mais criticados pelo ex-deputado federal no primeiro mandato de Roberto Cláudio. Edição do O POVO de 29 de fevereiro de 2016, Wagner questionou: “Qual o turista que vai querer ir para a cidade mais violenta do País">Na disputa de 2016, no segundo turno, RC, já no PDT, intensificou a associação entre Wagner e uma ideologia militarista. Roberto Cláudio incluiu na campanha provocações, como trouxe O POVO na edição de 3 de outubro de 2016. “Agora vamos precisar do nosso melhor exército. E nosso exército não usa arma”, afirmou na ocasião.

Em um segundo turno difícil, RC recebeu apoio do PT após o então governador Camilo Santana (PT) costurar essa aproximação. À época, o deputado federal José Guimarães (PT) já falava em “caminho natural” da sigla em se inclinar para o lado do pedetista.

Os ataques de Wagner a RC geraram até mesmo nota de repúdio da Executiva municipal do PT. O texto condenava “ataques realizados pela candidatura de Capitão Wagner (PR)” após o então candidato, em propagandas veiculadas na TV e no rádio, ligar Roberto Cláudio a nomes da sigla acusados de corrupção.

“O PT lamenta e repudia veementemente o ataque covarde ao partido, seus quadros políticos, à sua militância”, disse o texto, que associou também Wagner ao impeachment de 2016, chamado de “golpe parlamentar”.

Já em 2020, o balanço final da gestão de Roberto Cláudio foi atacado por Wagner. Na ocasião, novo motim dos policiais militares ocorreu e, embora o ex-deputado tenha tentado se desvincular da situação, o fato foi utilizado por RC contra seu adversário naquele momento.

Nessa eleição, RC lançou o agora ex-prefeito José Sarto (PDT) para o suceder na Prefeitura de Fortaleza, função para a qual conseguiu ser eleito. Um outro momento em que estavam em lados opostos ocorreu em 2022, quando ambos disputaram o Palácio do Abolição.

Wagner apoiou Elmano em disputa contra Roberto

A conjuntura da política cearense pode gerar surpresas e reviravoltas a depender do cenário. Oposição ferrenha ao governo de Elmano de Freitas, Wagner já o apoiou em outro momento, quando o petista disputava o Paço Municipal, em 2012.

Revisitando a eleição de 2012, um outro ponto importante para ser lembrado é contra quem o atual governador do Ceará estava concorrendo: Roberto Cláudio, então no PSB. À época, Wagner estava na disputa por um cargo de vereador em Fortaleza, para o qual foi eleito.

Na corrida pela Prefeitura, Roberto Cláudio venceu após disputar o segundo turno com Elmano. Após ser eleito para a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), Wagner foi oposição de Roberto Cláudio entre 2013 e 2014, até ser eleito deputado estadual pelo Pros.

O contexto em que eles estavam inseridos era tenso. Entre 2011 e 2012, Wagner alavancou sua participação na política. Na virada entres esses anos, um motim gerou grande repercussão. Liderado por ele, que ocupava vaga de suplente de deputado estadual, enquanto RC era presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece).

Em 2012, Capitão Wagner se tornou o vereador mais votado da história de Fortaleza quando recebeu 43.655 votos. Em 2014 se tornou deputado estadual. Nas eleições de 2016 e 2020 chegou a disputar o segundo turno das eleições para prefeito da Capital. Em 2019 foi eleito para a Câmara dos Deputados, mas não tentou reeleição.

Quando assumiu o mandato de vereador em 2013, Wagner deixou claro seu papel de “opositor responsável” à gestão de Roberto. “Queremos fazer uma oposição que critique duramente, mas que também pode estar do lado do prefeito quando achar que ele está correto”, ponderou Wagner, conforme trouxe a edição do O POVO de 2 de março de 2013. Na ocasião, ele havia sido escolhido para comandar o extinto PR no Estado.

Segurança de Roberto Cláudio

Retornado ao ano de 2013, uma pauta repreendida por Wagner foi a segurança do então prefeito RC. Sua segurança pessoal foi criticada pelo então vice-líder da oposição, Wagner, que estava no PR, e acusou o então chefe do Paço de usar a Polícia Militar (PM) para sua proteção.

À época, o caso gerou bate-boca na Câmara em um momento em que tramita projeto que previa o uso da PM para a segurança do então prefeito. A matéria ainda não tinha sido discutida e Wagner afirmava que RC estava “desrespeitando” a Casa por não esperar o projeto ser votado, conforme trouxe a edição do O POVO de 14 de março de 2013.

Ainda segundo a edição do O POVO, Wagner teve a confirmação ao ver o fato pessoalmente. “Eu estava voltando para Fortaleza quando entraram no avião o prefeito Roberto Cláudio, a mulher dele e um major”.

O militar, de acordo com Wagner, seria major Souza, naquele momento lotado na Assembleia Legislativa e que fazia a segurança pessoal da RC quando ele ainda era presidente da Alece.

“O prefeito está desrespeitando essa Casa, porque deveria, pelo menos, esperar a aprovação do projeto”, reclamou na época.

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