Pão de coco na Semana Santa é tradição só no Ceará? Entenda
Iguaria é uma tradição consolidada no período pascoal nas mesas dos cearenses. Entenda sobre a tradição do Pão de coco no Ceará
O pão de coco, alimento muito consumido no período pascoal, faz parte da memória social de várias gerações. Como parte da cultura cearense, o alimento é um dos principais durante a celebração da Páscoa Cristã.
É o que explica a antropóloga e colunista do O POVO, Vanessa Moreira, coordenadora de cultura alimentar e pesquisa da Escola de Gastronomia Social M. Dias Branco, que estuda a receita do pão de coco desde 2018.
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A sua importância também fica evidente após a decisão da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) transformar o pão de coco em patrimônio histórico-cultural e imaterial do Estado, nessa terça-feira, 15.
Para o presidente da Casa, deputado estadual Romeu Aldigueri (PSB), o alimento “simboliza a identidade do Ceará”. Entenda mais sobre o pão de coco como um prato cearense.
Pão de coco é uma receita da Semana Santa
Provavelmente, você tem a tradição de comprar pão de coco desde que viu seus pais ou avós fazendo o mesmo. A receita foi influenciada pelos portugueses que habitavam as terras brasileiras durante o período imperial.
Em Portugal, o Folar é oferecido como sinal de afeto. Já no Brasil, a receita foi adaptada utilizando um ingrediente abundante no Ceará: o coco.
Vanessa explica que, durante seus anos de pesquisa, o pão de coco está presente como símbolo da Semana Santa apenas no Ceará. É uma representação do pão doce de outros países como o Hot Cross Buns na Inglaterra e a Colomba Pasquale na Itália.
“O pão de coco é feito sim em outros estados, mas na Semana Santa, é apenas o Ceará quem celebra e tem o pão como um de seus ritos”, afirma a pesquisadora.
Ela completa abordando sobre a importância dessas adaptações alimentares, que ajudam a manter as tradições vivas na sociedade: “Se fossemos fazer apenas a receita milenar portuguesa, talvez ela não existisse mais”.
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Pão de coco: o alimento é parte de uma celebração
“Este pão é uma comida extraordinária”, comenta Vanessa com orgulho. Ela compara a relação do alimento com a Páscoa ao peru no período natalino.
Ou seja, podemos comer peru recheado com farofa ao longo do ano, mas escolhemos ter esses alimentos como tradição no Natal. O mesmo acontece com o pão de coco na Semana Santa.
“A comida que faz parte dos rituais sagrados precisa estar na ordem do extraordinário; não é a comida que eu como todos os dias e que eu tenho facilidade de encontrar”, afirma.
A antropóloga também defende que entender sobre estes aspectos da cultura alimentar vai de encontro à homogeneização da alimentação, e promove a valorização da comida local.
Símbolo do pão também tem influências religiosas
A cena da Última Ceia de Jesus, em que Ele disse aos seus discípulos que o pão e o vinho seriam como seu corpo e sangue, tem grande importância na Páscoa Cristã.
Assim, o pão também aparece na Páscoa como símbolo religioso do sacrifício de Jesus, de acordo com a doutrina cristã.