Com forró e tradição, José Walter abre São João da Capital
Celebração marca início da programação junina descentralizada na Capital com atrações musicais e festival gastronômico
Com muito forró, comidas típicas e um clima de alegria contagiante, o São João de Fortaleza 2025 começou oficialmente nesta sexta-feira, 6, no Polo de Lazer do bairro José Walter.
Este ano, com o tema “É Arraiá por toda a Cidade”, a abertura dos festejos aconteceu pela primeira vez no bairro e foi marcada por um grande envolvimento da comunidade, que ocupou o espaço em clima de festa e animação.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
O evento também reforça a proposta de levar o São João para além do centro, valorizando a cultura popular nos territórios da capital.
O palco principal, montado no coração do polo, recebeu os shows de Toca do Vale, Japinha, Jean Dumont e Robertinho do Acordeon, que embalaram a noite com muito forró e tradição nordestina.
Além da música, o público pôde aproveitar uma cidade cenográfica com elementos típicos do sertão, a tenda de sustentabilidade com ações educativas e interativas, e uma edição especial do Festival do Pratinho, em parceria com o Mercado AlimentaCE.
As barracas fizeram sucesso com comidas tradicionais como vatapá, galinha caipira, mungunzá e baião de dois, resgatando os sabores marcantes das festas juninas cearenses.
A programação integra a estratégia de descentralização das festas juninas promovida pela Prefeitura de Fortaleza, que busca fortalecer as manifestações culturais nos bairros e aproximar a população das tradições populares.
Para a secretária de Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa, a descentralização dos polos culturais valoriza a criatividade e a tradição presentes em todos os territórios da cidade.
“A descentralização é importante porque reconhece, desde o início, que todo o povo desta Cidade pode ser um polo criativo. A gente reconhece que a cultura já existe lá. Nós, como gestão pública, vamos lá e fomentamos isso. Quando trago uma grande figura pra cá, trago também os olhos da Cidade, para compartilhar a ideia de que todo mundo desta cidade é criativo”, pontua.
“Acabamos de registrar as quadrilhas juninas como patrimônio imaterial — a primeira cidade do Brasil a fazer isso. Isso diz muito sobre o valor que damos à cultura tradicional dentro da política cultural da cidade. Estamos apoiando 50 quadrilhas e 24 festivais espalhados por toda Fortaleza”, enfatiza a secretária.
A festa no bairro José Walter trouxe mais do que música e quadrilhas para a comunidade: trouxe memórias, pertencimento e orgulho. Em depoimentos à reportagem, moradores destacaram a importância do evento para a preservação das tradições juninas e o fortalecimento da cultura local.
A roteirista Vanessa Cavalcante Feitosa, que foi acompanhada dos pais, Francisca Aparecida e Francisco Adonias, morou no bairro até o ano ado. Ela esteve pela primeira vez no São João de Fortaleza sendo realizado ali e destacou o impacto positivo da mudança.
“Eu acho incrível, porque essa festa era muito típica daqui, mas estava começando a dar muitos problemas. Teve várias questões de segurança, e para o pessoal que mora no entorno também era um transtorno. E aí, vindo com a Secult, com essa organização, acho que traz esse movimento que estava faltando aqui”, opina.
“Não só isso, como traz o pessoal de outros bairros, fortalece o comércio, o pessoal dos pratinhos também. Então acho que tem uma ação conjunta muito boa, muito importante no bairro”.






Homenagem especial à Cumade Chica
A noite também foi marcada por emoção e memória, com uma homenagem especial à Cumade Chica — figura histórica dos festejos juninos de Fortaleza e precursora dos arraiás no José Walter, reconhecida por seu papel na preservação da cultura popular.
Tassiano de Araújo, morador da região e formado em pecuária, relembrou com emoção a tradição da festa na praça, marcada por décadas de história e pela presença marcante de Cumade Chica na comunidade:
“Aqui, esse espaço foi onde ela ou os últimos quatro anos da vida. Mas a festa mesmo era em outra quadra. Foram 40 anos lá, na casa dela, que fica ao lado da praça do Dinho. Era muita banda, muita banda mesmo. As bandas de hoje têm que agradecer à Chica e às pessoas também. Tinha Mastruz com Leite, Beto Barbosa... eles cantavam tudo em um caminhãozinho, e era muito bom. Mas igual à Chica e o que ela fazia, não tem. Então, esse ano, a festa ficou como uma homenagem pra ela”.
A professora Marta Maria, que vive no bairro há quase cinco décadas, celebrou o retorno da festa ao território com entusiasmo.
“Muito bom. Adorei a estrutura, show de bola. Gostaria que continuasse aqui todo ano, igual como era na época da Cuma de Chica. Naquele tempo, era tudo de bom mesmo. Todo mundo vinha pra cá, era muito falada e muito conhecida. Já existia a festa de São João de Maracanaú, mas quando acabava lá, todo mundo vinha pra cá e vice-versa. Gostaria muito que continuasse, não só por um dia, mas durante todo o mês”, relata a professora.