Fogueira e balão no São João: tradição x segurança
Lei proíbe balões juninos por risco de incêndios, mas fogueiras ainda são permitidas com cuidados. Confira orientações do Corpo de Bombeiros para práticas seguras
A chegada do mês de junho reacende no Brasil os festejos de São João e, com eles, os debates sobre segurança, tradição e meio ambiente.
Enquanto quadrilhas, comidas típicas e bandeirinhas seguem firmes como símbolos culturais, outros elementos tradicionais — como balões e fogueiras — aram a ser questionados por conta dos riscos que envolvem.
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A seguir, O POVO entrevistou o capitão Romário Fernandes, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBME), para explicar as problemáticas dessas tradições que envolvem fogo e possíveis alternativas para curtir o São João em segurança.
Balões juninos: riscos da prática
A polêmica se intensifica com a prática de soltar balões juninos, hábito que persiste em algumas regiões do País, mas que é crime ambiental.
Conforme a Lei n. 9.605/98, mais conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam causar incêndios é ível de detenção de um a três anos, multa ou ambas as penas cumulativamente.
“O balão que carrega fogo não tem controle. Uma vez que sobe, não sabemos onde vai cair. Pode provocar incêndios graves em florestas ou até em áreas urbanas, oferecendo riscos à vida humana e ao patrimônio”, explica Fernandes.
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Fogueiras ainda são permitidas, mas com cuidados rigorosos
Ao contrário dos balões, as fogueiras continuam liberadas em muitos estados. Porém, o uso exige responsabilidade.
“As fogueiras fazem parte da tradição junina e não há problema em mantê-las. Mas os cuidados precisam ser seguidos à risca”, afirma Fernandes.
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Entre as recomendações mais importantes, o capitão dos bombeiros destaca:
- Nunca permitir que crianças se aproximem muito da fogueira;
- Escolher um local aberto, afastado de casas, fios elétricos, árvores, papel, plástico e outras estruturas inflamáveis;
- De preferência, cavar um buraco para montar a fogueira, mantendo o fogo abaixo do nível do solo para evitar que alguém tropece ou se queime.
“As bandeirinhas, por exemplo, se muito próximas [da fogueira], podem pegar fogo e esse fogo pode se alastrar pelos barbantes, pelas árvores próximas... Por isso, é fundamental manter distância e sinalização adequada”, reforça.
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Balões decorativos e alternativos são bem-vindos
Apesar da proibição dos balões de fogo, os balões decorativos continuam liberados nas festas juninas. E há também alternativas seguras para quem deseja manter o charme dos balões nos céus.
“Se quiser soltar balão, que seja de ar ou de hélio”, sugere o bombeiro.
Ele explica que esse tipo de balão não carrega fogo, sobe com segurança e estoura em grandes altitudes, sem riscos. “Coloque tintas coloridas, faça como quiser, mas que seja com segurança. Esse é o único tipo de balão permitido.”
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Tradição e segurança podem caminhar juntas
Segundo o Corpo de Bombeiros, é possível manter a essência das festas juninas sem abrir mão da segurança. “Dá para dançar quadrilha, acender fogueira, curtir o São João, desde que se respeitem as regras. É possível celebrar com alegria e responsabilidade”, afirma Fernandes.
O número de incêndios costuma crescer durante o mês de junho, mas, de acordo com ele, não há como afirmar com precisão que isso esteja diretamente relacionado ao aumento da soltura de balões.
“Nesse período também começa a estiagem. É uma época naturalmente mais propícia a queimadas, o que torna qualquer descuido mais perigoso”, explica.
Para reduzir os riscos e proteger vidas, o Corpo de Bombeiros defende ainda a combinação de campanhas educativas, ações escolares e fiscalização efetiva. “Os jovens podem ser multiplicadores da segurança em suas famílias e comunidades. Precisamos trabalhar a cultura do cuidado desde cedo”, destaca o oficial.